segunda-feira, 14 de março de 2011

Madureira 2 x 4 Vasco da Gama

Ah, Madureira! Por que trocastes teu tão garboso e tradicional uniforme tricolor por essa coisa amarela?




Durante todo o jogo contra o Madureira, mesmo quando o Vasco estava na frente do placar, observava-se o desconforto de nosso técnico à beira do campo e o motivo era óbvio, a defesa vascaína que, completamente perdida, deixava o adversário chegar com perigo ao ataque em quase todo lance. Se na parte ofensiva vamos acertando cada vez mais, lá na cozinha o negócio não se endireita e parece que só mesmo quando o time marca em cima, na saída de bola do adversário, consegue ter mais controle do jogo. Com ninguém tem fôlego pra fazer isso o tempo todo, na maior parte da partida temos que aturar o sufoco na nossa área.

Nesse domingo ainda tinhamos a desculpa do Cesinha, que substituiu Anderson Martins, suspenso. Quem acompanhou o Vasco ano passado sabe que tanto Cesinha quanto Dedé gostam de jogar pelo lado direito, que ambos se complicam pela esquerda e que eles são uma dupla de zaga que simplesmente não dá liga, não pode atuar junta! Não acho Cesinha um mal zagueiro, já o vi fazendo boas atuações mas simplesmente não dá para ele jogar do lado do Dedé. Para mim a solução é simples, Cesinha é o reserva imediato do Dedé. Se o nosso mito da camisa vinte e seis estiver contundido, suspenso ou tiver ido visitar a vó, Cesinha entra no seu lugar, sem discussão. Se não, amigo, não deixa o garoto nem no banco. Ouviu bem, Ricardo Gomes?

Ontem o francês começou o jogo colocando Cesinha para atuar no lado esquerdo mas o garoto foi tão mal que no intervalo trocou de posição com Dedé, mudança que não surtiu muito efeito. Dava até para sacramentá-lo como pior jogador vascaíno em campo, não fosse a partida pífia de Ramon. Parece que nosso lateral-esquerdo ainda estava cumprindo suspensão, tamanho o seu sumiço em campo. Quando aparecia era para fazer besteira, levou um verdadeiro baile de Valdir, o lateral direito do tradicional tricolor suburbano. Dedé também me pareceu perdido no meio de tanta zorra. É como se ele, já ciente que seus companheiros de zaga seriam facilmente batidos, quisesse cobrir todos os espaços, coisa que nem um jogador com dois metros de perna como ele consegue. No lado direito Fágner continuou mostrando o seu futebol modelo 2011, com muita vontade mas pouca inspiração. Não chegou a comprometer lá atrás, salvou até um gol em cima da linha, e se apresentou bastante na frente, mas sem conseguir encaixar uma jogadinha que valesse o registro. Isso posto, acabou que quem mais se destacou na defesa foi mesmo Fernando Prass que, não entendo por que, vem sendo acusado de estar em má fase. Não acho Prass essa coca-cola toda que, durante um bom tempo, a torcida chegou a acreditar que fosse mas é um bom goleiro e não vi nenhum erro comprometedor dele nessa última partida.

Do meio pra frente o negócio melhora. Eduardo Costa teve uma partida em que, se não chegou a se destacar, também não comprometeu e me agradou a atuação do Rômulo, que fez um bom combate no meio e se apresentou bem no ataque. A torcida pega no pé do garoto mas tenho visto uma evolução nele, acho que ainda pode agradar bastante. Caso contrário, há sempre a opção de Fellipe Bastos, um pouco menos eficiente na marcação mas muito bom no apoio, como mostrou ontem, quando entrou em campo.

No nosso meio ofensivo, a melhor notícia. Felipe se sente cada vez mais a vontade no comando do time, deixou de ser aquele jogador individualista e driblador, que muitos ainda têm na memória para ser um grande distribuidor do jogo vascaíno. É de seus lançamentos e passes de primeira que constumam vir as jogadas diferenciadas que acabam por criar as oportunidades de gol do Vasco. Infelizmente já não é nenhum garoto, cansa no transcorrer dos jogos e, com sua queda de produção, o time inteiro cai com ele. E ele está se entendendo bem com Bernardo, a nova coqueluche vascaína, a grande surpresa da temporada. Bernardo vem se mostrando um jogador muito habilidoso e abusado, veloz e bom finalizador. Seu estilo encaixa bem como o de Felipe. Enquanto um cadencia o jogo, o outro põe velocidade. Se um destribui a bola, o outro tenta as jogadas individuais... é uma dupla que promete.

Na frente Élton já mostrou que é, no mínimo, melhor que Marcel. Nosso novo camisa nove se movimenta, busca jogadas e - pode não ser nenhum grande mérito - dá pra dizer que é o melhor centro-avante que passou por São Januário na administração Roberto Dinamite. O problema atualmente talvez seja justamente a lacuna que se abriu nesse tempo em que ele ficou longe da Colina Histórica. Parece que o time aprendeu a jogar sem aquele referência na área, perdeu a confiança em buscar o finalizador para dar cabo a jogada, quem chega perto da área quer logo bater pro gol. Deu pena de ver o Élton sempre de braços abertos, pedindo a bola, enquanto seus companheiros buscavam o gol por conta própria. Éder Luís talvez tenha sido o maior exemplo disso e por um motivo bem claro, ele sabe que está devendo nessa temporada e tenta a todo custo achar um gol que o coloque novamente nos trilhos, mas tá lastimável. Perdeu uma penca de oportunidades, pelo menos dois gols feitos, o segundo deles pouco antes do Madureira empatar em 2x2, resultado que poderia ter complicado bastante nossa vida no campeonato.

Mas como é pra frente que se anda, o que esperar agora desse time para o clássico contra o Botafogo? Anderson Martins volta ao time, o que já é um alento, e Jumar deve entrar no lugar do suspenso Fágner (me recuso a crer que Ricardo Gomes realmente considere lançar um junior fora de posição logo num clássico, por que não dizer, decisivo para o time), o que deve ajudar no setor defensivo. O problema fica sendo mesmo o lado esquerdo onde Ramon precisa recuperar rapidamente seu futebol, além de ser o lado pelo qual Bernardo desce para compor a defesa (de maneira bem menos eficiente que Rômulo, que tende a cair pela direita). Ofensivamente acredito que a escalação continuará a mesma, com Ricardo Gomes aproveitando a boa fase de seus meias para ir integrando lentamente Diego Souza ao time. Para esse próximo jogo eu aposto em nosso camisa dez entrando no meio do segundo tempo, muito provavelmente no lugar de Felipe, que já deverá estar cansado por essa hora. Mais pra frente na competição o francês terá que tomar a decisão de quem deve sair para o maior reforço da temporada entrar, se vai sacar um dos dois maiores destaques do time nos últimos jogos ou se vai mudar o esquema tático para aproveitar todo mundo (sacando, por exemplo, o Éder Luís, desejo de nove em cada dez vascaínos), mas isso é assunto para outro post...

Um comentário:

  1. Acho que o problema do Vasco é muito mais a defesa mesmo. Não gosto muito do Élton, não confio no Felipe - mas não dá pra ficar tomando tanto gol de time pequeno assim.

    Você vê os jogos desses times contra os grandes - eles perdem gol demais. Pra conseguir fazer um, têm que perder uns 6 ou 7. E o Vasco consegue levar 2, 3 gols desses times num jogo só, é impressionante.

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