domingo, 20 de março de 2011

Vasco 2 x 0 Botafogo

Ricardo Gomes e o problema que todo técnico gosta de ter.



O tempo passa, o tempo voa, e o papai Joel continua o mesmo, armando suas super-retrancas, se contentando em passar o ferrolho lá atrás e torcendo pro gol sair de algum jeito lá na frente. Não dá pra dizer que é uma filosofia ineficiente, o Natalino tem alguns títulos no seu currículo para contestar isso, e sua tática poderia ter dado certo mais uma vez nesse domingo se a arbitragem tivesse errado e confirmado o gol de Herrera, mas, valha-me Deus, como é chato! É complicado para um torcedor ver seu time ficar nas cordas o tempo todo, torcendo para que em algum momento consiga acertar o queixo de vidro do adversário e virar a situação. É por isso que torcida nenhuma consegue ficar de bem com Joel Santana por muito tempo.

Diante desse panorama fica até difícil de analisar o primeiro tempo do Vasco. Teve um amplo domínio de bola, mas foi muito porque o Botafogo deu campo pra ele. Teve poucos riscos na defesa, mas foi porque o Botafogo, com três volantes em campo, estava mesmo mais preocupado em defender. Por esse panorama dá até para dizer que foi o time de General Severiano que saiu vencedor no primeiro tempo, já que este saiu do jeito que ele queria, bem truncado, com poucas chances para os dois lados.

Pelo lado do Vasco a grande polêmica durante a semana foi como Ricardo Gomes iria armar o time para a entrada de Diego Souza. No primeiro dia de treinamento já começou a ser ventilada a possibilidade do time jogar com apenas um volante no meio, completando o setor com Bernardo, Felipe e Diego. A idéia de deixar ainda mais frágil defensivamente uma equipe que já vinha enfrentando problemas na marcação logo num clássico me parecia absurda mas foi tão treinada no transcorrer da semana que acabei temendo pelo pior. Felizmente não foi isso que se viu quando o time entrou em campo e Ricardo acabou mostrando uma escalação mais conservadora, com Élton saindo para a entrada de Diego Souza. Ficou então a dúvida se tanto treinamento com a armação ofensiva foi feito só para despistar o adversário ou se já era um ensaio para um possível abafa no final do jogo, caso a defesa do Botafogo permanecesse impenetrável. Talvez Ricardo Gomes já estivesse pensando em deixar o time assim ao vê-lo sem grandes chances de gol, quando o estreante da noite, até então discreto, aproveitou para mostrar suas qualidades - calma e habilidade aliadas a uma garra que o faz acreditar em todas as jogadas - e num erro da zaga adversária abrir o placar. A partir daí ficou fácil, o Botafogo teve que se abrir para buscar o empate e o Vasco soube administrar bem o jogo, conseguindo até ampliar o placar depois com Éder Luís. Findado o jogo a pergunta passou então a ser, agora que arrumaram um lugar pro Diego Souza, onde encaixar o último reforço do elenco, Alecsandro?

Analisando a atuação do time hoje dá pra se ter algumas pistas. A defesa se comportou bem, se Ramon não voltou a fazer uma atuação daquelas que o fez cair nos braços da torcida pelo menos já conseguiu aparecer com algum destaque no apoio e não comprometer na defesa. Allan, mesmo meio torto por jogar improvisado na lateral-direita foi bem tanto no apoio quanto na defesa e mesmo saindo do time para a volta do titular Fágner mostrou que dá pra contar com ele por ali quando precisar. Eduardo Costa e Rômulo foram bem na proteção e ajudaram a melhor parte da nossa defesa, o trio Prass-Dedé-Anderson, a ter um jogo sem dificuldades. Acho difícil do francês mexer nessa parte do time e a ideia de um Vasco com um meio-campo super-ofensivo vai acabar mesmo relegada para aqueles finais de jogo onde tem que se partir para o tudo ou nada. Não há dúvida então, com a entrada de Alecsandro, é alguém da frente que vai sair.

Achei engraçado, durante a transmissão do jogo no Premiere, ouvir o Luís Carlos Jr. perguntar para o Lédio Carmona qual das três estrelas do meio-campo teria que sair do time. Felipe é um ídolo desde outras eras e Diego veio com status de craque mas, peraí, já estamos colocando o Bernardo no nível deles dois?! Tudo bem, o começo do garoto no Vasco foi mesmo digno de nota mas vamos um pouco mais devagar com esse andor... durante a semana, ao ver que o precoce craque apareceu com um novo penteado eu já tuítei que ele estava ficando mascarado e nesse jogo deu para confirmar. Ele abusou do individualismo culminando com um contra-ataque onde, ao invés de tocar para o Ramon que vinha entrando livríssimo pela esquerda da grande área preferiu concluir a gol. Foi substituído logo depois do lance, em uma clara mensagem de Ricardo Gomes de que não é por aí que a banda toca. Também fiquei surpreso com a resposta de Lédio Carmona, dizendo que deve sobrar mesmo para Bernardo ou para Felipe e que ele, particularmente, preferia que saísse o último. Felipe tem feito excelentes apresentações, comandado o meio-campo e é um jogador de habilidades inquestionáveis... não dá para mandar ele pro banco e deixar em campo alguém que, por mais que esteja bem, ainda é uma promessa. Mas não é nem por isso que acho que ele tem que continuar no time. Bernardo e Diego Souza têm estilos parecidos, ambos são mais individualistas, gostam de pegar a bola e partir pra dentro, um meio-campo com os dois vai ficar muito preso. É preciso um Felipe no meio, distribuindo a bola, tocando de primeira, fazendo lançamentos, para deixar o time do Vasco mais dinâmico. Se me consultassem, era o Bernardo mesmo quem iria para o banco, pra pensar um pouco a vida e voltar depois mais humilde para o time. Além disso, não causaria muitas mudanças no esquema tático, que continuaria a ser um 4-4-2. Mas se saísse o Éder Luís também não iria reclamar, não. Nosso camisa sete continua devendo nessa temporada e nem o golaço dele limpou sua barra comigo nesse jogo.

Mas enfim, acho que é isso... Alecsandro deve entrar no time já no próximo domingo e para mim são Bernardo e Éder Luís que estão no paredão para dar a vaga para ele. Por não mudar o esquema tático, por ser mais antigo e prestigiado no grupo e até pelo golaço contra o Botafogo, eu acho que por enquanto é o Éder que continua no time. Mas é bom ele abrir o olho e melhorar seu futebol por que senão é capaz de perder a titularidade para o próprio Bernardo, um Bernardo com a bola mais baixa e com a consciência de que pode até ser bom de bola mas ainda está longe de ser um dos astros da companhia.

2 comentários:

  1. Tá certíssimo. Ainda não tinha me dado conta disso, mas é mesmo o Bernardo que tem que ir pro banco. E pra mim o time é Felipe e mais dez.

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  2. Confesso que trouxe excelentes lembranças ver de novo um camisa 10 do Vasco acreditando num lance difícil, levando a melhor na raça, finalizando ao mesmo tempo com frieza e implacabilidade e ainda comemorando com o "qual é, qual é, qual é, qual é"!

    R. Gomes tem que voltar sua atenção para o sistema defensivo. Segurando a defesa o time começa a ter boas chances de arrumar alguma coisa.

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